Catedral Metropolitana São Francisco de Paula

Resumo

A Catedral Metropolitana São Francisco de Paula é o marco zero da cidade de Pelotas. Localizada na atual Praça José Bonifácio, um dos sete sítios tombados como Patrimônio Cultural Brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), teve seu terreno demarcado em 18 de agosto de 1812 e sua construção da matriz só foi finalizada em 1853. Desde então, a igreja sofreu reformas e melhorias, sendo elevada à catedral em 1910. Com vitrais pintados por Aldo Locatelli, Emílio Sessa e Adolfo Gardoni, a edificação é um ícone arquitetônico da cidade de Pelotas e realiza além de missas, visitas guiadas ao prédio. 

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História

Em 1813 foi dado início à construção da Igreja Matriz: um pequeno santuário de alvenaria com duas águas e telhas de barro. Em 23 de dezembro do mesmo ano, a capela já estava sendo finalizada e a imagem de São Francisco de Paulo foi colocada no altar.

Em 1826, após ter sido destruída por um raio, foram iniciadas as obras de um "novo templo". Em meados do século XIX, a Catedral já apresentava a fachada atual e em 1915 o interior sofreu uma ampliação.

Em 1910, a matriz recebeu o título de Igreja Catedral e em 1933, uma grandiosa reforma foi realizada.  O atual prédio só apareceu entre 1947 e 1948, quando o bispo Dom Antônio Zattera promoveu grandes melhorias, incluindo a grandiosa cúpula.

As obras foram planejadas pelo arquiteto Victorino Zani e para decorar seu interior, vieram da Itália os mestres da arte sacra, Aldo Locatelli, Emílio Sessa e Adolfo Gardoni. A inauguração ocorreu em 19 de março de 1950. Por fim, recebeu o título de Catedral Metropolitana de Pelotas pelo Papa Bento XVI em 13 de abril de 2011.

Detalhe

A presença do pintor italiano Aldo Locatelli (1915-1962), em Pelotas, foi marcante. A genialidade de Locatelli surpreende por sua suprema seriedade de um lado, mas capaz de brincar com os elementos e figuras e da grande variedade de estilos, do classicismo ao expressionismo.

         A vinda do “mago das cores” à Pelotas resulta do convite feito pelo bispo D. Antonio Záttera que visitava com frequência a Diocese de Bérgamo (cidade natal de Locatelli). Em uma dessas viagens, o Bispo contratou Aldo Locatelli,  Emilio Sessa –  planejador e decorador  e Adolfo Gardoni – estucador e dourador- para realizarem o projeto na Catedral.

O conhecimento cultural e religioso de Aldo Locatelli eram impressionantes. A tendência do artista era a pintura mural . Ele pintava com leite, misturava-o nas tintas, usava a gordura do leite – afirmou a esposa do então sacristão que fazia a limpeza para Locatelli. Especialistas afirmam que seria necessária uma análise química detalhada nas pinturas para saber se o artista usou ou não gema de ovo e leite em suas pinturas.

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O conjunto de vitrais existente na Catedral é formado por dezoito janelas que se dividem em dois grupos com tipologias e origem distintas, divididas entre as arqueadas que datam de 1934 e são originárias do ateliê Casa Veit e as janelas em verga reta, que datam do final de 1940 e são originárias do ateliê Casa Genta.

Os vidros usados nos vitrais, em sua maioria importados, são coloridos e apresentam grande domínio da técnica do vitral. Nos vitrais do ateliê Casa Veit percebe-se a presença de grande quantidade de vidros brancos (transparentes), enquanto que nos do ateliê Casa Genta observa-se um maior uso de vidros coloridos e importados. Esta diferença pode ser percebida ao compararmos a intensidade cromática dos vitrais dos dois ateliês.

Os vitrais distribuídos no corpo da igreja, em sua maioria, têm sua iconografia relacionada à vida de São Francisco de Paula. Esta temática só é quebrada nas poucas janelas com cenas de imagens da Virgem, Santa Clara, Nossa Senhora de Lourdes e com a figura de um clérigo orando. Esta incoerência iconográfica, muito provavelmente, justifica-se pela direta relação da rica sociedade pelotense com a arte e a igreja. Na cidade de Pelotas, nesta época, era comum, como forma de ostentação econômica, a doação de recursos para obras religiosas, as quais ficam vinculadas à devoção do doador.

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Na Cúpula da Catedral Metropolitana São Francisco de Paula, Locatelli fez uma réplica dos elementos que usou na Cúpula da Igreja N. S. dos Remédios, em Gênova, Itália. O afresco é dividido em três partes: a APOTEOSE DE SÃO FRANCISCO DE PAULA, ANJOS QUE CANTAM NA APOTEOSE e ANJOS QUE TOCAM NA APOTEOSE. Sobre o feitio das pinturas na Cúpula, Gottuzo relatou:

Os três grandes painéis que formarão a base da cúpula apresentam-se também com as mesmas características de harmonia e composição. A figura de São Francisco, sempre em evidência, domina o espaço, mais pelo jeito e pelo sentimento, do que pelas próprias dimensões. Os três painéis se ligam num conjunto de composição em que cada um faz parte de um todo. Foi sob essa impressão que subi os dois lances de escada íngreme, sem corrimão, de uma dificuldade que me pareceu muito bem estudada, para impedir a visita dos importunos. Lá encima estavam Locatelli e Gardoni, seu companheiro de trabalho, duas figuras tipicamente italianas. (...)O que vi lá em cima foi além do que os esboços prometem.

         O painel que pude admirar no meio da moldura importuna dos andaimes foi o do centro, em que a figura do Santo aparece aos pobres e enfermos. Vi, logo, como a ânsia de perfeição do artista não tem limites, a figura do doente no primeiro plano, à direita, de cor macilenta apoiada sobre o braço esquerdo apresenta melhor atitude do que no esboço. Essa figura é o bastante para julgar das possibilidades do grande artista que é Locatelli, o qual, dentro dos poucos anos vividos, já pode criar, na difícil arte do afresco, um mundo que o tempo respeitará e as gerações futuras admirarão”.

Detalhe

A Cripta foi construída por Dom Antônio Zatera na última grande reforma, foi após a construção do Altar Mor que foi criada a Cripta lá são enterrados apenas Bispos hoje temos dois enterrados lá Dom Antônio Zatera e o restos mortais de Dom José Domingos de Almeida  este tinha sido sepultado no cemitério e apenas após a construção da Cripta.

Curiosidade

Para custear as despesas com a reforma da Catedral, a Diocese de Pelotas realizou uma campanha de doações particulares, além da realização de quermesses e da rifa de um automóvel Mercury. O apelo às contribuições com as pinturas refletia a preocupação com o patrimônio artístico e cultural da cidade. No jornal local mantido pela Diocese, a campanha revelava: “Contribuir para a magnífica pintura de nossa Catedral de São Francisco de Paula é cooperar para o patrimônio artístico da nossa Pátria”.